VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação da aprendizagem: Práticas de
Mudança – por uma práxis transformadora. V. 6. São Paulo: Libertad, 1998.
Neste livro o autor destaca que
“Avaliar envolve julgamento, mas da produção objetiva do educando – em função dos
critérios estabelecidos coletivamente – e não o julgamento da sua pessoa” (p.
20).
A avaliação não é um julgamento
da pessoa do aluno, mas daquilo que ele é capaz de produzir, a partir de
objetivos bem claros e bem definidos pelo educador.
Segundo Vasconcellos (p. 17) a “a
avaliação para assumir o caráter transformador e não de mera constatação e
classificação, antes de mais nada deve estar comprometida com a promoção da
aprendizagem (e desenvolvimento) por parte de todos os alunos.”
Para que haja aprendizagem de
todos é preciso dar mais atenção aos que têm mais dificuldade e para isso, o
professor deve criar um clima de confiança, rever situações, fazer anotações,
devolver trabalhos corrigindo-os e mandando o aluno refazer. E afirma: “Se não
podemos mudar a condição de vida do aluno, podemos mudar a forma de nos
relacionarmos com ele” (p. 33).
O autor nos traz algumas
reflexões que são importantes dentro do processo avaliativo:
1)O que é ser professor?
2)Qual o seu papel: fiscalizador
ou promotor da aprendizagem? Dar aula e “medir” o que ficou, ou dar aula e
procurar garantir a aprendizagem?
3)Qual o seu papel na avaliação:
juiz (dar prêmio ou castigo) ou de pedagogo (ajudar a aprender)?
4)Sua função é ser
espectador/reprodutor ou agente de transformação?
Para que a aprendizagem seja
favorecida, podemos criar algumas alternativas:
v
esgotar as possibilidades de ações antes de
solicitar ajuda de outros segmentos;
v
aproveitar as diferenças para estimular a
interação;
v
trabalhar em grupo;
v
elaborar atividades diversificadas;
v
estudos orientados pelo professor;
v
atendimento individualizado fora da sala;
v
o professor deve estar sempre revisando sua
proposta de trabalho;
v
dar novas oportunidades (recuperação)
“Recuperar aprendizagem não é
“repetir a explicação”; trata-se de conceber e organizar situações que possam
favorecer a efetiva construção do conhecimento; é procurar outras formas de
abordagem do mesmo assunto/conceito junto ao aluno (e não a mera reiteração do
discurso e das estratégias)” (p. 37)
O mais importante não é ficar
pensando na recuperação, mas em alterar as maneiras de dar aula atendendo os
alunos em suas necessidades sem precisar encaminhá-los para outros momentos.
O autor considera que para haver
uma mudança na avaliação, o professor tem duas grandes tarefas:
“1) comprometer-se efetivamente
com a aprendizagem de todos os alunos, com a efetiva democratização do ensino.”
Romper com a ideologia e práticas de exclusão.
2)Abrir mão da avaliação
classificatória como alternativa pedagógica”. P. 38
Celso traz alguns conteúdos e
formas de avaliação que nos ajudarão a melhorar nossa prática:
v
A avaliação deve ser contínua e não em momentos
especiais;
v
Questões avaliativas mais seguidas e em menor
quantidade;
v
Nada de provas surpresas;
v
Deixar claro para o aluno, no início do ano,
quais os critérios de avaliação;
v
As notas não devem ser surpresas;
v
Registrar todas as ações significativas dos
alunos;
v
Assinatura de provas é uma prática negativa;
v
Situação absurda – o aluno ter que apresentar
atestado médico para fazer uma prova;
v
A coordenação deve acompanhar a avaliação, mas
não exigir anterioridade a sua realização;
v
Evitar conceitos
que estejam associados a notas.
E também destaca algumas práticas
de avaliação processual:
a)Não
existência de semana de provas;
b)Avaliação
deve ser elaborada pelo próprio professor;
c)questões
a mais para a escolha;
d)Diagnóstico
rápido; (atividades sem valer nota);
e)Análise
por amostragem (prof analisa as atividades de alguns alunos para não se
sobrecarregar);
f)Elaboração
de questões pelos alunos;
g)Cochicho
inicial (depois parte-se para a resolução individual);
h)Eliminação
de uma das notas do conjunto;
i)Avaliação
em grupo;
j)Co-avaliação
(dar perguntas e um aluno analisa as respostas do outro);
k)Não
mudança do ritual (não mudar o comportamento durante as avaliações);
l)Diversificar
os tipos de questões ;
m)Combate
à competição;
n)Avaliação
com fórmula;
o)Não
vinculação da reunião de pais à entrega de notas (reuniões devem ter caráter
formativo);
p)Leitura
de livros sem valer nota;
q)Avaliação
com consulta.
Para o autor a mudança também
deve acontecer na escola:
v
manter o mesmo coletivo de alunos de uma série
para outra;
v
tentar ficar com o professor somente numa
escola;
v
valorização dos professores;
v
mobiliário adequado;
v
aumento do tempo do recreio;
v
salas ambiente;
v
valorização do aluno na vida da escola
(organizações estudantis);
v
abertura da escola a comunidade.
Sobre a equipe diretiva,
Vasconcellos afirma que “o papel da equipe é criar um clima de confiança, baseado
numa ética e no autêntico diálogo” (p. 111). Destaca algumas práticas
importantes para que toda a comunidade escolar esteja envolvida com o processo
ensino aprendizagem:
v
estar junto, mas não fazer pelo outro;
v
a mudança do professor e da prática não se faz
por determinações legais;
v
propor, provocar, mas não impor;
v
demonstrar confiança no grupo, superando
controle, vigilância;
v
apoio as iniciativas de mudança;
v
pesquisa da própria prática;
v
oferecer suporte, orientação, superação de
formalismos;
v
trabalhar com um coletivo menor que esteja mais
aberto as mudanças para depois avançar no mais geral;
v
respaldar e divulgar o trabalho do professor a
comunidade;
v
favorecer um clima ético.