quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

CONTINUANDO AS REFLEXÕES SOBRE AVALIAÇÃO ESCOLAR


VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação da aprendizagem: Práticas de Mudança – por uma práxis transformadora. V. 6. São Paulo: Libertad, 1998.

Neste livro o autor destaca que “Avaliar envolve julgamento, mas da produção objetiva do educando – em função dos critérios estabelecidos coletivamente – e não o julgamento da sua pessoa” (p. 20).
A avaliação não é um julgamento da pessoa do aluno, mas daquilo que ele é capaz de produzir, a partir de objetivos bem claros e bem definidos pelo educador.
Segundo Vasconcellos (p. 17) a “a avaliação para assumir o caráter transformador e não de mera constatação e classificação, antes de mais nada deve estar comprometida com a promoção da aprendizagem (e desenvolvimento) por parte de todos os alunos.”
Para que haja aprendizagem de todos é preciso dar mais atenção aos que têm mais dificuldade e para isso, o professor deve criar um clima de confiança, rever situações, fazer anotações, devolver trabalhos corrigindo-os e mandando o aluno refazer. E afirma: “Se não podemos mudar a condição de vida do aluno, podemos mudar a forma de nos relacionarmos com ele” (p. 33).

O autor nos traz algumas reflexões que são importantes dentro do processo avaliativo:
1)O que é ser professor?
2)Qual o seu papel: fiscalizador ou promotor da aprendizagem? Dar aula e “medir” o que ficou, ou dar aula e procurar garantir a aprendizagem?
3)Qual o seu papel na avaliação: juiz (dar prêmio ou castigo) ou de pedagogo (ajudar a aprender)?
4)Sua função é ser espectador/reprodutor ou agente de transformação?

Para que a aprendizagem seja favorecida, podemos criar algumas alternativas:
v     esgotar as possibilidades de ações antes de solicitar ajuda de outros segmentos;
v     aproveitar as diferenças para estimular a interação;
v     trabalhar em grupo;
v     elaborar atividades diversificadas;
v     estudos orientados pelo professor;
v     atendimento individualizado fora da sala;
v     o professor deve estar sempre revisando sua proposta de trabalho;
v     dar novas oportunidades  (recuperação)
“Recuperar aprendizagem não é “repetir a explicação”; trata-se de conceber e organizar situações que possam favorecer a efetiva construção do conhecimento; é procurar outras formas de abordagem do mesmo assunto/conceito junto ao aluno (e não a mera reiteração do discurso e das estratégias)” (p. 37)
O mais importante não é ficar pensando na recuperação, mas em alterar as maneiras de dar aula atendendo os alunos em suas necessidades sem precisar encaminhá-los para outros momentos.

O autor considera que para haver uma mudança na avaliação, o professor tem duas grandes tarefas:
“1) comprometer-se efetivamente com a aprendizagem de todos os alunos, com a efetiva democratização do ensino.” Romper com a ideologia e práticas de exclusão.
2)Abrir mão da avaliação classificatória como alternativa pedagógica”. P. 38

Celso traz alguns conteúdos e formas de avaliação que nos ajudarão a melhorar nossa prática:
v     A avaliação deve ser contínua e não em momentos especiais;
v     Questões avaliativas mais seguidas e em menor quantidade;
v     Nada de provas surpresas;
v     Deixar claro para o aluno, no início do ano, quais os critérios de avaliação;
v     As notas não devem ser surpresas;
v     Registrar todas as ações significativas dos alunos;
v     Assinatura de provas é uma prática negativa;
v     Situação absurda – o aluno ter que apresentar atestado médico para fazer uma prova;
v     A coordenação deve acompanhar a avaliação, mas não exigir anterioridade a sua realização;
v     Evitar conceitos  que estejam associados a notas.

E também destaca algumas práticas de avaliação processual:
            a)Não existência de semana de provas;
            b)Avaliação deve ser elaborada pelo próprio professor;
            c)questões a mais para a escolha;
            d)Diagnóstico rápido; (atividades sem valer nota);
            e)Análise por amostragem (prof analisa as atividades de alguns alunos para não se sobrecarregar);
            f)Elaboração de questões pelos alunos;
            g)Cochicho inicial (depois parte-se para a resolução individual);
            h)Eliminação de uma das notas do conjunto;
            i)Avaliação em grupo;
            j)Co-avaliação (dar perguntas e um aluno analisa as respostas do outro);
            k)Não mudança do ritual (não mudar o comportamento durante as avaliações);
            l)Diversificar os tipos de questões ;
            m)Combate à competição;
            n)Avaliação com fórmula;
            o)Não vinculação da reunião de pais à entrega de notas (reuniões devem ter caráter formativo);
            p)Leitura de livros sem valer nota;
            q)Avaliação com consulta.

Para o autor a mudança também deve acontecer na escola:
v     manter o mesmo coletivo de alunos de uma série para outra;
v     tentar ficar com o professor somente numa escola;
v     valorização dos professores;
v     mobiliário adequado;
v     aumento do tempo do recreio;
v     salas ambiente;
v     valorização do aluno na vida da escola (organizações estudantis);
v     abertura da escola a comunidade.

Sobre a equipe diretiva, Vasconcellos afirma que “o papel da equipe é criar um clima de confiança, baseado numa ética e no autêntico diálogo” (p. 111). Destaca algumas práticas importantes para que toda a comunidade escolar esteja envolvida com o processo ensino aprendizagem:

v     estar junto, mas não fazer pelo outro;
v     a mudança do professor e da prática não se faz por determinações legais;
v     propor, provocar, mas não impor;
v     demonstrar confiança no grupo, superando controle, vigilância;
v     apoio as iniciativas de mudança;
v     pesquisa da própria prática;
v     oferecer suporte, orientação, superação de formalismos;
v     trabalhar com um coletivo menor que esteja mais aberto as mudanças para depois avançar no mais geral;
v     respaldar e divulgar o trabalho do professor a comunidade;
v     favorecer um clima ético.

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