sexta-feira, 9 de agosto de 2013

CÍRCULO DE PAIS E PROFESSORES: UMA ASSOCIAÇÃO A SER CONHECIDA


OBS: Este texto foi publicado hoje no Jornal Folha do Noroeste.


CÍRCULO DE PAIS E PROFESSORES: UMA ASSOCIAÇÃO A SER CONHECIDA

Como mãe, professora e membro do CPM busquei algumas leituras para que eu possa participar mais ativamente da vida escolar de meus filhos e como professora, e integrante do CPM, fazer com que esta associação realmente desempenhe suas funções. Mas quais as funções de um CPM? Como posso participar?
            Foi nos diários de Paulo Freire que encontrei muitas respostas as minhas indagações. Em seu diário, “Ainda aos Círculos de Pais e Professores: sua preparação e sua realização”, o educador descreve que a reunião do CPM deve ser previamente acertada entre pais e professores e é um trabalho da escola com a família. Os assuntos não devem surgir na hora, mas devem ser preparados com antecedência e que os mesmos respondam a situações concretas, vivida pelos pais e através do qual se possa levá-los a refazer suas experiências. A linguagem usada na reunião deve ser clara, simples e objetiva. O educador deve “levar o homem (pai) àquela atitude mental de reivindicação, porque ele vai compreendendo e conhecendo as coisas” (p. 2.) Nessa perspectiva Paulo Freire enfatiza que “quanto mais se pergunta, quanto mais se dialoga, quanto mais se tenta observação fecunda, quanto mais se reflete, quanto mais se cresce” (p. 2). Deve haver o hábito do debate, da reflexa o e das perguntas.
            Em outro diário, “Ainda a propósito dos Círculos de Pais e Professores”, Freire destaca que a escola deve oferecer “oportunidades para uma participação maior nos seus negócios mais íntimos” (p. 1). No inicio, provavelmente, haverá o estranhamento dos pais e haverá pouca participação, mas “o que se há de fazer é levar o homem a experimentar. É dar-lhe responsabilidade. É levá-lo ao bom teatro e não pelo mau teatro” (p. 2). E o que se pode fazer? Para Freire é preciso acreditar no homem, dar margem para que ele aprenda o saber democrático: “problemas de disciplina, problemas de recreação, problemas ligados à merenda, às festas escolares são alguns dos muitos ângulos que a escola, através dos Círculos de pais e Professores pode e deve oferecer aos pais como campo para suas experiências de colaboração no seu governo” (p. 3). Será que se houvesse mais união, muitos problemas não seriam amenizados ou resolvidos com mais facilidade?
Paulo Freire é claro em dizer que não se trata de entregar a gerência nas mãos dos pais, mas a ingerência que é o processo no qual “o homem intervém, participa, colabora. Participando, intervindo, colaborando o homem constrói novas atitudes, muda outras, elabora e reelabora experiências, educa-se” (p. 4).
Mas então, qual a finalidade dos Círculos de Pais e Professores? Freire em seu diário “Círculo de Pais e professores – Capítulo da Educação de Adultos” explica que é através das reuniões entre os professores e pais que vai se buscar desenvolver e criar nestes nova posição em sua vida: a da responsabilidade social e política.
Se a este Círculo de Pais e Professores for dado espaço para estudo, diálogo, exposição de opiniões, troca de ideias, convivência com a realidade escolar e preocupação com a vida da escola e das crianças, ai sim, dar-se-á um passo real e importante para a verdadeira prática da democracia. Mas não podemos esperar que alguém faça. Cada um precisa iniciar a busca por espaço, por vez e voz e não deixar para amanhã o que se pode fazer hoje.

AGORA UM DESABAFO QUE NÃO FOI PARA O JORNAL

Quero pedir desculpas aos meus colegas e aos pais pelos momentos de fraqueza e de, em várias situações, ter que ficar calada ou aceitar determinadas decisões. 
Confesso que estou passando por um momento de indignação, não quero mais aceitar as coisas como sempre foram, as decisões serem tomadas por alguns, sem haver um diálogo e a participação de todos os envolvidos. Mas, também confesso, que isso está me deixando doente, pois lutar sozinha é difícil. Estou sendo julgada como entrometida, como "fofoqueira", como alguém que quer confusão. 
Hoje queria compartilhar a frase do Papa Francisco: "Não nos acostumemos com o mal".
Vamos parar de dizer "sempre foi assim" . Eu quero fazer diferente. Precisamos de união, de comprometimento, de oportunidades de participação, de voz e de vez. 
Desculpem aos que esperam mais de mim. Não pensem que é fácil para mim.

2 comentários:

  1. Concordo com você, infelizmente é mais prático continuar com o "sempre foi assim", para poder mudar é preciso ser surdo, pois muita gente não quer ter trabalho, quer ficar acomodado, deixar que os outros façam....criticando é mais fácil. Não deixe que esses comentários desanime, pois a educação pública precisa de mudança rápidas....pois são o futuro do país.

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  2. Muito elucidativo o texto. Não pense que está só. Precisamos de pessoas que se coloquem como pioneiras para nos encorajar. Grande abraço!

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